terça-feira, 31 de agosto de 2010

"Amar, Ser amado, Temos todos necessidade de amor." Quis escrever-te um soneto, Quis escrever-te uma ode, Quis escrever-te uma quadra. Não fui capaz! Não tive tempo mas, sobra-me tempo. Tempo para te amar e querer com mais amor... Manteigas, 15.02.1983
(Sem título)

Pediste-me um poema a prazo.
Sem inspiração de momento,
situação criada vai dando azo
a que caia em alegre atrevimento.

Ninfas usuais citadas por poetas,
não servem neste instante de exaltação.
Não usarei termos da boca de profetas
doutos em coisas do coração.

O prazo termina e o poema acaba.
onde irei buscar sublime inspiração?
Talvez na doce seiva Tua, que me embala
e me faz amar-te com toda a adoração.


Mangualde, 15.03.1983

domingo, 20 de junho de 2010

A GUERRA (2)

A guerra.
Porquê meu Deus?
Porquê isso
que tudo destrói,
qua a todos atormenta,
que a todos prejudica,
mas que a muitos enriquece.

É a guerra!
Um animal que por todo o lado anda,
mesmo dentro de nós.
Pois nós também lutamos:
Lutamos pela Pátria,
Lutamos pela Subsistência,
Lutamos pela Felicidade.

Mas a guerra!
Coisa dolorosa
que nos enluta o coração;
mas porquê,
Porquê meu Deus?!

Elmano Filipense, Manteigas, 1972.

(2) Este poema foi recitado pela minha colega Filó (Filomena Gonzaga) num espectáculo realizado em Dezembro de 1973, pelo Grupo de Teatro do então Liceu Nacional Comandante Peixoto Correia, e dedicado aos "Recos" que foram incorporados em Janeiro de 1974, pois atingiram a idade de incorporação sem que à data tivessem completado o 7º ano do liceu.

Adeus; até logo! (1)

Adeus!
Vós que partis,
largai dos ombros preocupações,
largai de Vós pensamentos vis,
para poderdes fomentar acções.

Sim! Adeus!
Algo espera por Vós.
Sim! É a Vossa Terra querida,
e não é com mágicas e pós
que Ela pode ser defendida.

Adeus!
Até breve! A vida é um instante.
Mas, ela... Quem? Ah, a guerra.
Sim! É belo podermos defendê-La
de quem é inimigo dela.

Ela espera-vos!
Veste-te depressa de soldado,
defende-te, luta, não hesites
pois defendes nobre causa.

E em cada canto
uma farda, uma bota...
cuidado com essa granada;
uma arma, uma bala, enfim...
Mas...
- Alerta! , diz a sentinela.
E peça por peça, tudo se une,
forma um todo
garboso, airoso
e, ..., eis que volta vitorioso.

É a guerra,
de soldado em soldado,
de arma em arma,
de mata em mata,
tudo se enquadra,
formando apenas uma emboscada.

Sangue, corpos mutilados,
gemidos de dor, angústia.
Oh que sofrimento
e que mágoa, ao olhar
para outro, que jaz a seu lado,
verdade crua e dura
crivado de balas...
uma peneira sangrenta.

Vai! É agora, atira!
Isso, já está; mas...
cuidado! Isso, dispara...
Atenção! Todos ao chão!... Buum!!!
Rápido! Ratatatatatatatata...
E ceifando e varrendo
tudo o que aparece
enquanto tudo estremece.
Mas apalpa-te, desperta.
Ainda estás vivo!
Vês!

Mas, ouve!
Tu que agora vais conhecer o que é a guerra,
forma na horda galharda
que o teu sonho não tarda que arda
pois lembra-te! Ao teu ombro vai uma espingarda.

Calca os teus pés nos teus passos,
não adormeças e vigia,
aconchega a arma aos braços,
Pois daqui a pouco será dia.

A guerra terminou...
Não, não pode ser.
Serás raso, cabo, miliciano,...
não interessa, é tudo o mesmo.

Mas olha.
Vais partir
e por isso
mais uma vez,
adeus!
Adeus; até logo!


Elmano Filipense, Benguela, 1973

(1) -Poema dedicado aos "Recos" de Janeiro de 1974 do Liceu de Benguela, meus colegas finalistas que atingiram então a idade de incorporação no serviço militar obrigatório sem terem terminado o 7º ano do Liceu. Escrito e recitado por mim, tinha então 16 anos, durante um espectáculo promovido em (?)Dezembro de 1973 pelo Grupo de Teatro do então Liceu Nacional Comandante Peixoto Correia. Há um segundo poema escrito também por mim e lido nesse mesmo espectáculo pela minha colega Filó (Filomena Gonzaga), que colocarei a seguir no blogue.